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"Precisa-se de um professor de língua javanesa." A partir deste anúncio Castelo, indivíduo em um momento de miséria, decide se apresentar como professor de javanês. Sem qualquer conhecimento da língua, ele estuda freneticamente sobre Java e seu idioma nativo para enganar o cliente. Alimentando-se do fascínio de todos quanto à sua suposta extraordinária habilidade, Castelo constrói uma bem sucedida carreira a partir do engodo criado, ironizando a valorização de aparências sobre competência.

Enquanto decorre sobre sua formação escolar, o narrador destaca a disputa de meninas para a entrada na Escola Normal, a dificuldade do processo seletivo. Barreto critica a falta de estabelecimentos destinados ao ensino secundário para as mulheres e sugere que se amplie o número de escolas para atendê-las. No segundo conto, ele critica a predominância do título de "doutor" na sociedade brasileira, destacando como monopolizam posições e privilégios. Barreto aborda uma crescente teocracia doutoral.

"O carro número 13" é um conto envolvente de Machado de Assis que mistura o cenário rural com o urbano, um contraste incomum nas obras do autor. A história segue Amaro Faria, herdeiro do comendador Faria, um rico proprietário rural que, ao retornar ao Rio de Janeiro, é forçado a reavaliar suas crenças e visões de mundo. O conto oferece uma reflexão sobre os choques culturais, a adaptação ao novo e o conflito entre diferentes realidades sociais, características recorrentes na obra de Machado de Assis.

Júlia e Teresa eram jovens amigas que, apesar de morarem distante uma da outra, eram unidas como carne e unha Tinham uma sintonia extraordinária em hábitos, gostos, prazeres e desejos. Nenhuma das duas estava comprometida, não ao menos até se apaixonarem quase que ao mesmo tempo. Até nisso combinavam. Será?

No conto "Marcha fúnebre", Machado de Assis conduz o leitor pelos pensamentos do deputado Cordovil, que, ao se deparar com uma sucessão de mortes à sua volta, passa a desejar uma partida rápida e sem sofrimento. No entanto, o que começa como um devaneio íntimo transforma-se em obsessão silenciosa, marcada pela ironia e pelo contraste entre o desejo de morrer e a permanência da vida. Com estilo preciso e crítico, o autor mergulha no tema da morte para revelar a fragilidade das vontades humanas diante do acaso.

Romântico? Pode parecer. O conto Longe dos olhos, todavia, apesar de ter por enredo uma história de amor, tece uma dura crítica à cultura patriarcal da época. O narrador, comentando a trama que envolve o bacharel Aguiar, é explícito nos juízos de valor que traça, até mesmo sobre o comportamento dos personagens.

Em "Uma embaixada", conta-se como o tímido Minervino viu esvaziar-se o desejo que tinha de casar com a viúva Perkins, ao pedir ao amigo Salema que fizesse o pedido de noivado em seu nome. Em "Vingança", a atriz D'Arbois trai o marido, comendador Cardoso, e é alvo de uma singular vingança de sua parte.

Com a tradicional ironia de Machado de Assis, o conto "O astrólogo" narra a história de Custódio Marques, almotacé (inspetor de pesos e medidas) que gosta de cuidar da vida alheia. Ele começa a investigar a vida de um juiz, com o intuito de casar sua filha com um sobrinho dele. E descobre como chantageá-lo. No entanto, quando se prepara para dar o golpe, acontece uma reviravolta.

A "água de Janos" que dá nome ao conto é um remédio que arruína a chance única de o protagonista, tenente Remígio Soares, encontrar sua amada Andréa. Em "A Marcelina", o Dr. Pires de Aguiar, solteirão e conquistador, não reconhece sua grande paixão do passado. Por fim, em "O viúvo", o leitor conhece a triste sina de Tertuliano, fadado à viuvez.

Em "O contrabando", Artur Azevedo faz um recorte na vida do funcionário público Geraldo. Viúvo, ele recolheu-se a um modo de vida extremamente reservado. Sua vida é dedicada à filha Margarida, de 17 anos, que estuda num internato. Certa noite, o amigo Tavares o convida para o jantar de seu aniversário, para onde leva também algumas convidadas. Geraldo se envolve com uma delas, cujas características o surpreendem.

No conto "João Fernandes", o pobre protagonista vagueia noite afora, a espera do nascer do sol, para recomeçar sua penúria diária, numa existência infeliz. "Médico é remédio", por sua vez, é um conto marcado pelo bom-humor, onde o leitor encontra as voltas e reviravoltas do relacionamento do jovem Mirada e das amigas Malvina e Julieta. Quem fica com ele?

Pertencentes ao livro "Cidades mortas", os contos "Noites de São João" e "Pedro Pichorra" se inscrevem no universo rural tão caro a seu autor, Monteiro Lobato. No primeiro, o leitor mergulha no universo mágico de uma autêntica festa junina. No segundo, conhece a história do protagonista, que acredita ter encontrado um saci – será?

O conto "A mulher pálida" tem por característica marcante a ironia típica de seu autor, Machado de Assis. Destaca-se da galeria de personagens o protagonista Máximo, cujo desejo é ser poeta. Dele, no entanto, o que se aproveita é tão-somente a voz, com suas singulares inflexões.

No conto "Aires e Vergueiro", Machado de Assis traz o mote recorrente do triângulo amoroso. Carlota é esposa de Vergueiro, mas acaba se envolvendo com Aires. O grupo planeja vender seus bens e viver viajando. Buscam fazê-lo com discrição, então Vergueiro vai para Buenos Aires, para esperar que Aires e Carlota aí o encontrem. Mas estes têm outo plano...

O conto "A Viúva Sobral" tem por enredo a história do casamento de um homem com a viúva conhecida como "Sobral". O suspense que permeia a trama diz respeito a uma característica singular da mulher: apesar de ser muito bonita, é tida como uma pessoa de gênio excepcionalmente forte... e que teria sido responsável pela morte do marido.

Várias Histórias é uma coletânea de contos de Machado de Assis publicada em 1896. Reúne 16 contos, entre eles alguns dos mais prestigiados de sua carreira como A Cartomante, A Causa Secreta, Uns Braços e O Apólogo.

"Batendo orelha", de Simões Lopes Neto, é um conto compacto com ares de prosa poética, onde se intercalam as histórias de vida de um boi e de um homem. Já "Chasque do imperador", narrado pelo Cabo Blau Nunes, conta passagens de vida de Dom Pedro II ao tempo em que ele foi seu ordenança.

Em "O 'menininho' do presépio", Simões Lopes Neto apresenta a história de um milagre de Natal – no seu melhor estilo gaúcho! Conta-se como Nha Velinda salvou sua vida graças à estátua do Menino Jesus. Em "Penar de velho", o enredo conta como sumiu o menino Binga Cruz, depois de ser ameaçado pelo pai por ter matado seu cavalo, numa caçada a avestruzes.

"Já passou o tempo em que ninguém se atrevia a entrar em um hospital de doidos, receoso de penetrar em enxovias, em gaiolas de ferro, onde eram encarcerados os míseros, como se fossem feras." Retrato humano sensível e detalhado, este texto de Moreira de Azevedo, sobre a fundação do primeiro centro especializado em doenças mentais do Brasil, que deu primeiro passo para a humanização no tratamento dos pacientes: "se ali muitos não recuperam a razão, de muitos são minorados os sofrimentos".