Oscar Lorenzo Fernández (1897-1948) foi um dos mais notáveis compositores brasileiros do século XX, sendo uma figura central na música erudita nacional. Carioca de nascimento, Fernández construiu uma obra marcada pelo equilíbrio entre a tradição europeia e as influências da música popular e folclórica brasileira. Esse diálogo entre os universos musicais refletia não apenas a busca por uma identidade cultural brasileira, mas também seu domínio técnico e sua sensibilidade artística.
Formado no Instituto Nacional de Música, Lorenzo Fernández foi aluno de mestres como Henrique Oswald e Francisco Braga, de quem herdou o rigor técnico e a valorização da melodia. Fundador do Conservatório Brasileiro de Música em 1936, Fernández não apenas formou gerações de músicos, mas também ajudou a estruturar o ensino da música no Brasil.
Sua obra mais conhecida, a "Batuque" (terceiro movimento da suíte Reisado do Pastoreio, de 1930), tornou-se um marco do nacionalismo musical brasileiro. Nesse movimento, Lorenzo Fernández explora ritmos afro-brasileiros com uma escrita orquestral vibrante, conquistando projeção internacional. A peça foi amplamente executada em palcos estrangeiros, evidenciando a força e a originalidade de sua linguagem.
Além disso, sua produção abrangeu canções, obras corais, música de câmara e sinfônica. Entre os destaques estão o poema sinfônico "Impressões da Vida Sertaneja", inspirado na literatura regionalista, e o Concerto para Piano e Orquestra em Mi maior, que demonstra sua habilidade em equilibrar virtuosismo e lirismo.
Apesar de sua morte precoce, aos 51 anos, Lorenzo Fernández deixou um legado essencial para a música brasileira. Sua obra reflete o Brasil de sua época: uma nação em busca de afirmação cultural, mas profundamente conectada às suas raízes populares.
Bororó também é cultura.